quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Concorrência Abocanha a Cray Research



A Concorrência Abocanha a Cray Research

O mundo dos supercomputadores super-rápidos está
esquentando. Apesar do gênio da computação Seymour
Cray ter sido pioneiro na tecnologia, e de sua Cray
Research Co. há muito dominar o mercado, empresas
americanas, européias e principalmente japonesas estão
ameaçando a liderança da Cray. Os supercomputadores
são vitais para a pesquisa científica de ponta, para a defesa
militar e para o desenvolvi- mento de inúmeras
tecnologias, desde produtos farmacêuticos até engenharia
aeroespacial e TV de alta definição. A corrida
internacional nesse campo conta com muitos políticos dos
EUA se empenhando para ajudar os esforços americanos,
por razões econômicas e de segurança nacional. O que
aconteceu com a Cray?
A Cray Research foi fundada em 1972 por Seymour
Cray, que começara como um dos projetistas-chave da
Control Data. Desde que introduziu em 1976 o primeiro
super- computador do mundo, o Cray 1, a empresa vinha
mantendo com grande margem a liderança na indústria.
Em parte devido ao domínio que tinha sobre a nova
tecnologia, a Cray podia se dar ao luxo de concentrar suas
energias no que fazia melhor: P&D e exploração extensiva
de projetos novos e arriscados para fabricar os
computadores mais rápidos do mundo.
Enquanto isso, muitas outras empresas iam
abocanhando o mercado da Cray, concentrando-se em
"mine-supercomputadores", menores e mais lentos, mas
não tão caros e mais adequados às necessidades de certas
empresas. À medida que a competição se acirrava e a
demanda por supercomputadores caía, a Cray foi
pressionada a tornar-se mais pragmática e mais orientada
para o mercado.
Além disso, havia pressões sendo geradas
internamente. Em 1980, Cray havia entregado as rédeas da
empresa a John Rollwagen - um graduado em engenharia
e administração de empresas - e começado a mudar sua
orientação e sua área de concentração. Enquanto Cray
trabalhava no Cray 2, que usava uma tecnologia
radicalmente nova (chips de computador feitos de
arsenieto de gálio, ao invés de silício), o CEO Rollwagen
começava a se preocupar em não colocar todos os ovos da
Cray numa mesma cesta. Ele autorizou um projeto mais
confiável, criado por Steve Chen (um brilhante projetista
de computadores vindo de Taiwan), chamado de X-MP,
que poderia modificar o Cray 1 para ter um desempenho
melhor.
O projeto deu certo e resultou num mo- delo três
vezes mais rápido do que o Cray 1. Em 1986, quando o
Cray 2 - usando a tecnologia mais antiga do silício - ficou
pronto, Rollwagen viu-se diante de um desafio difícil.
Seymour Cray começou a trabalhar no Cray 3, outro
projeto revolucionário que dependeria da tecnologia do
arsenieto de gálio, enquanto Chen procurava obter fundos
volumosos para seu próprio projeto de pesquisa, que
rivalizaria com o Cray 3.
Depois de gastar mais de 50 milhões no projeto de Chen,
Rollwagen optou por cortar-lhe os recursos em 1987,
dizendo que era muito arriscado e que a verba estava
apertada. A decisão de Rollwagen forçou Chen a sair e a
fundar sua própria empresa, a Supercomputer Systems,
Inc., usando recursos financeiros da IBM. Assim, a Cray
Research perdeu um pesquisador cuja mente privilegiada
só era inferior à de Seymour Cray, e que era fundamental
para o sucesso da empresa.
Mais escolhas difíceis surgiram no caminho de
Rollwagen. Em 1985, a empresa havia crescido 66%, e
seus lucros líquidos aumentado 20%; porém, em 1988 as
vendas subi- ram apenas 10% e os lucros do primeiro
trimestre de 1989 caíram para apenas 1,5 milhão de
dólares sobre 1 16 milhões de dólares em vendas (os lucros
de 1988 haviam sido de 26,4 milhões de dólares sobre
vendas no valor de 145,8 milhões). Vários computadores
rivais apareceram no mercado, sendo mais notável o novo
SX-3 da N-EC, um computador com chip de silício que,
segundo dizem, é mais rápido do que o Cray 3. Em 1989, o
Cray 3 havia consumido 120 milhões de dó- lares em
fundos de pesquisa e seu calendário estava sendo atrasado.
Novamente Rollwagen resolveu lançar mão de uma
alternativa mais segura e mais barata. Decidiu interromper
a capitalização do Cray 3 e apoiar o Y-MPI6, um
aperfeiçoamento dos computadores de silício da Cray já
existentes e que é projetado para ser tão rápido como o
Cray 3. Essa escolha levou Seymour Cray a sair da
empresa e fundar a Cray Computer Company, um rival
"amigável" da Cray Research. A Cray Research é dona de
10% das ações da empresa e lhe entregou 150 milhões de
dólares. Seymour Cray precisará buscar os recursos
adicionais em outro lugar.
A evolução no mercado de supercomputadores e n-iinicomputadores
significou uma virada drástica na
paisagem da Cray Research, uma empresa que antigamente
prestava muito pouca atenção ao mercado. Agora, o lado
comercial dos supercomputadores, a dinâmica da
concorrência e as pressões internas forçaram a liderança da
Cray Research a adotar estratégias que estão levando a
empresa ainda mais longe de sua origem como reduto da
pesquisa visionária e de vanguarda em supercomputadores
Questões:
1. A ênfase de Rollwagen, mais pragmática e orientada pelo
mercado, tem sido a estratégia certa? Você pode sugerir
uma alternativa melhor?
2. Sua decisão de dividir a empresa em duas foi a melhor
abordagem?
3. Que problemas especiais surgem com a diversificação? O
que Rollwagen pode fazer para integrar os esforços nos
mini-super e nos supercomputadores?
4. O que a Cray e outras empresas americanas podem fazer
para competir melhor com os japoneses?
5. Que papel pessoas como Seymour Cray vão representar
nas firmas de computadores nos anos 90?
Fonte:
STONER, James A F., FREEMAN, R. Edward,
Administração. Rio de Janeiro: PHB, 1995.


Estudo de caso extraído do site:
www.professorcezar.adm.br/

Um comentário:

Unknown disse...

1. A ênfase de Rollwagen, mais pragmática e orientada pelo
mercado, tem sido a estratégia certa? Você pode sugerir
uma alternativa melhor?
Ele não errou por ser pragmático ou ser focado no mercado, a falha foi não estruturar a empresa para a concorrência abordando estratégias compatíveis com o atual momento do mercado.

Eu criaria uma divisão voltada para P&D de microcomputadores trazendo para ela o Steve Chen com seus projetos e manteria o Saymone Cray com a divisão de supercomputadores mantendo mesmo que em divisões a unidade da companhia.

2. Sua decisão de dividir a empresa em duas foi a melhor
abordagem?
Não, por não manter seus projetistas gastou 50 milhões com projetos que Chem levou consigo tendo assim um novo concorrente e com a formação da nova empresa, Cray Research, gastou mais 150 milhões para ter apenas 10% das ações.

3. Que problemas especiais surgem com a diversificação? O
que Rollwagen pode fazer para integrar os esforços nos
mini-super e nos supercomputadores?

Com a diversificação os esforços e os recursos normalmente ficam diluídos mas mesmo operando em divisões pode ser feita a unificação de dados, tecnologia, pesquisas e marketing.


4. O que a Cray e outras empresas americanas podem fazer
para competir melhor com os japoneses?

Oferecer produtos com uma melhor tecnologia, melhor preço e utilizar um apelo de marketing nacionalista.

5. Que papel pessoas como Seymour Cray vão representar
nas firmas de computadores nos anos 90?
Nenhum.